quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

QUAL O MOTIVO PARA SORRIR

Por ocasião da imagem desgastada de nossa bucólica Vila Sorriso, durante aulas de orientação de como produzir textos pra seleção - Texto de produção coletiva (convênios A e B do Colégio CEI)

Há um certo tempo, em Icoaraci, já não temos tantos motivos para sorrir. Levando em consideração os diversos problemas de ordem social, que não são particularidades de nosso Distrito, é importante discutir as responsabilidades dos que diretamente estão envolvidos nesse processo: o poder público e a sociedade civil.

Nossa “Vila Sorriso” vem se destacando atualmente como a “bola da vez” no que diz respeito à questão da violência urbana. Dessa forma tem sido palco de ações adversas à boa convivência; são chacinas, milícias, tráfico de drogas, dentre outros acontecimentos que acabam por denegrir, lamentavelmente, a imagem da localidade, fazendo com que muitos acreditem que é o pior lugar de Belém para se visitar ou estar. E, acreditem, a coisa não é bem assim.

A dimensão negativa sobre Icoaraci, bem como já foi a outros bairros como Benguí e Guamá, ainda se mantém forte no caso dos seis adolescentes que foram brutalmente assassinados, em novembro de 2011. E o que as autoridades têm feito para dar o retorno que tanto esperamos, quando a questão é garantir a segurança da população ou ainda um de seus direitos mais básicos à vida que é “justamente” se manter vivo, pelo menos. Vemos como apenas mais uma confirmação de que o abandono por parte do poder público se evidencia sempre quando mais precisamos que o Estado atue.

A relevância dos recursos públicos e a aplicação dos investimentos nos setores de necessidades básicas da população devem ser levadas a sério, não apenas pelos gestores públicos, mas também, e principalmente, pela sociedade civil organizada, consciente e participativa – afinal, a história atual nos mostra, todos os dias, revoltas populares surgidas e asseguradas pelas leis democráticas, por parte da população cansada de sofrer. No entanto, uma vez tomadas as atitudes pelos governos, deve haver um maior comprometimento também dos contribuintes, de modo que faça valer sua cidadania e efetiva participação social.

Enfim, nossa terra não deixou de ser bucólica nem perdeu seus atrativos artísticos e culturais por causa das últimas consequências, mas também não conseguirá prosperar se sua imagem se mantiver “embaçada”. Não podemos nos conformar com as coisas como são. E deixá-las como estão é negligenciar nossa contribuição, se não no problema em si (pois muitos se isentam de suas culpas também) que seja pelo menos na solução. Para que assim, quem sabe, voltemos a ter bons motivos para sorrir.

Alci Santos

Professor de Língua Portuguesa


(em vermelho, os Tópicos Frasais que serviram de mote para a criação do texto)

Um comentário:

  1. Professor não acreditei quando o Sr. disse que ninguém lia os textos do seu blog(ou algo do tipo), então resolvi conferir pra ver se era produções tão ruins e me deparo com textos críticos e originais... Excelentes!

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