sábado, 4 de fevereiro de 2012

INDIGNADO, POR QUÊ?

(Por ocasião de uma série de barbárie cometidas pela falta de senso por parte de quem gere a segurança pública; a polícia prende um traficante que é braço direito de um bandido que comanda o tráfico de dentro da penitenciária... Por que, então, não atuam...)

Faço a pergunta já pensando na resposta, afinal como a vida está já não deveríamos nos surpreender ou espantar por qualquer anormalidade (e normalidades também) que seja. A mais recente, de acordo com os noticiários, o fato de um traficante ser preso e a polícia apresentá-lo à sociedade como sendo o braço direito de um renomado bandido que organiza, recebe, distribui e gerencia, principalmente a parte financeira, entorpecentes de dentro da cadeia. Como assim, meu Deus?


O que quer que pensemos os administradores da segurança pública? Querem os nossos “parabéns”? Querem votos de “eficiência” ou o quê? Como ficar feliz com uma “piaba” se a “piraíba” continua a procriar? Parece brincadeira. E se assim for, acreditem: é de muito mau gosto!

O crime anunciado está ganhando força e vez. O que mais falta? Já não bastou uma juíza assassinada, mesmo o Estado sabendo do quão perigoso era não mantê-la sob proteção – pois ela fez muito pelo país, sendo rigorosa com o crime, no qual, inclusive, alguns não sabiam ao certo seus papéis e agiam com dupla personalidade, num paradoxo insano: ladrão-polícia.


A polícia não deu atenção às diversas denúncias da infeliz cabeleireira que foi assassinada pelo ex-marido. A única saída da mulher foi instalar as câmeras que não a garantiram viva, apenas registraram o cumprimento de uma covarde promessa. E os diversos B.O’s? Por que ninguém se importou com a morte anunciada?


São extensas as listas que chegam às mãos das autoridades, nas quais camponeses, ambientalistas, padres e outras lideranças populares aguardam a morte como quem espera a hora de dormir – infelizmente, para sempre. Foi assim com a missionária Doroth e com o casal assassinado em Nova Ipixuna. Como aceitar que as autoridades saibam da morte marcada e permitam que os bandidos se mantenham mais sérios que a própria lei, já que eles (os bandidos) cumprem o prometem: dizem que vão matar e matam mesmo.


Gente, quem é polícia? Quem é ladrão? O crédito sobre quem deveria assegurar a boa convivência é tão ínfimo que qualquer um puxa uma arma, distribui tapas, pontapés e coronhadas se dizendo “homem da lei”. Imaginem só o absurdo daquele “dito” policial que na tarde do dia 03.02.12 puxou uma arma e a esfregou no rosto do idoso – o motivo pouco importa, pelo menos no nível em que o “justiceiro” tentou se justificar. E o que acontecerá? A corregedoria da polícia, caso, de fato, o cara seja um policial, vai tratar o fato sob panos mornos, pois é sempre assim, tentam justificar qualquer ato com uma averiguação que quase nunca temos respostas justas – quem não lembra do garoto de doze anos morto por um tiro disparado por um policial que perseguia um suposto bandido – como a polícia tem coragem de dizer que foi “bala perdida” se já se sabe que foi disparada da arma do policial?

Enfim, agora todos sabem que o tal chefão comanda o tráfico de dentro da penitenciária e só fazem anunciar na mídia como se isso fizesse qualquer diferença. Pois prenderam um peão, como braço direito, esquecendo que existe outro braço. E pior ainda, o crime parece polvo: não há apenas dois braços, mas diversos tentáculos; prontos para vitimar qualquer presa – em qualquer lugar, tempo ou classe social – até quando?

Minha opinião pode até soar como pessimista; meu título sugere conformismo; mas, ao contrário do que parece, acredito piamente numa reviravolta, na justiça e numa sociedade melhor. Afinal tenho que acreditar, sou professor, formador de opinião – provocador de reflexão e senso crítico.


03.02.2012

Alci Santos
Professor de Língua Portuguesa

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