quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

CARNAVAL SEGURO


Por ocasião de que muitos foram curtir a Folia de Momo, ainda que muitos, lamentavelmente, virarão estatística e não retornarão...



Enquanto todos foram para os balneários e cidades interioranas em busca do oposto do que sempre buscamos por lá, descanso; eu encontrei o melhor lugar do mundo para passar qualquer feriadão: minha casa – dentre outros motivos que me fez concluir isso, é que pelo menos não entrarei nas lastimáveis estatísticas do pós-folia.

É bem verdade que má intenção há em todo lugar, mas se não dermos sorte para o azar acabamos por assegurar um pouco mais de tempo aqui nesse mundo, uma vez que a máxima diz que: “para morrer, basta estar vivo...”. Afinal, quem acompanha a folia dos outros pelas mídias, continua conectado ao nosso mundo real, sem fantasias, sem enredos coloridos, alegres e festivos; o negócio é no estilo Nelson Rodrigues: “A vida como ela é!”

A surpresa sobre o desfile das escolas de samba ou a empolgação dos blocos continuam seguidas das notícias sobre assaltos, mortes no trânsito, brigas, confrontos e outras atrocidades corriqueiras. Ou seja, é folga para uns, mas muitos não param nunca, e continuam a contribuir, aos seus modos, para aumentar as malditas estatísticas.

No final das contas, o balanço das polícias, no mínimo, será o de que o número de ocorrências este ano, foi menor ou maior que o do ano passado – aliás, prato cheio para: Anaice, Ronaldo Porto e Joaquim Campos. Daí bate uma vontade de levantar aquela plaquinha dizendo o óbvio: “Eu já sabia!”

Por isso, eu e uma boa parte da galera das “redes sociais” acabamos optando por acompanhar a alegria momentânea dos outros, na segurança de nossos lares. É verdade que existem outros bons motivos: estávamos sem grana, trabalhamos em alguns setores do comércio que não respeita feriados (pois seus donos gostam mais de dinheiro do que de festa), meus filhos adoeceram por causa do tempo excessivamente úmido, dentre outros até mais aceitáveis.

Enfim, o motivo tanto faz. O certo é que no carnaval há os que buscam paz de espírito e tranquilidade, daí a melhor dica é ficar na própria cidade, ora. Se boa parte da população vai procurar a folia onde quer que ela esteja, por que eu iria me preocupar ou me incomodar com o clima de “cidade fantasma” em que Belém se encontra – fala sério!

Claro que não é a mesma coisa que estar no meio da gandaia, do “furdunço”, da muvuca, que aliás, com moderação ou com os exageros permitidamente toleráveis, convenhamos é muito bom. Mas que, ainda assim, não se compara com a segurança do lar e com a certeza de que há uma oportunidade ímpar de conhecer um pouco mais de si – da cidade e da própria pessoa.

Isso tudo só reforça a ideia de que “festa boa é na casa dos outros”. Daí virá a quaresma, em seguida a Páscoa, e as igrejas não terão uma terça parte do que cada bloco tem nos dias de folia de Momo. Quem me conhece sabe que sou adepto da controvérsia dos que dizem que “gosto não se discuti”, e assim sendo: quem for do carnaval, que se divirta na festa pagã; e quem for da espiritualidade, que seja feliz na reflexão cristã. E eu, fico em casa assistindo a folia e lamentando “as estatísticas”, torcendo para que: “entre mortos e feridos, todos se salvem”.

Alci Santos

Professor de Língua Portuguesa

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