sábado, 17 de março de 2012

O BARATO QUE SAI CARO

Por ocasião das quase 10.000 pessoas que podem ter sido vítimas de faculdades que atuavam irregularmente em nosso estado... e quando a gente fala, a galera ainda se irrita - quer moleza, senta na gelatina!

Nossa imensa vontade de querer “ser alguém na vida” acaba nos levando ao engano, quase que frequentemente. Mas o que surpreende mais é que não é por falta de aviso que as pessoas “compram gato por lebre”. O exemplo disso é todo o alvoroço recente sobre as faculdades que atuam de forma irregular em nosso estado.

Quando foi ministro da educação, o senador Cristóvão Buarque se mostrou muito favorável à causa de que novas e muitas universidades fossem criadas e disseminadas em todas as regiões, principalmente nos espaços mais remotos de cada ente federado, desde que estivessem autorizadas pelo MEC. Daí ninguém foi tão cético no que diz respeito à qualidade do ensino de instituições privadas, no entanto a forma obscura de suas permissões de funcionamento: sem sequer um projeto político pedagógico, minimamente capaz de justificar sua implantação.

O pior é que muita gente que quer boa vida a custa de nada, de nenhum esforço, são as que alimentam esse tipo de vício, o vício do mau-caratismo – e dizem que isso é peculiar ao brasileiro – peculiar uma vírgula, pois gente boa e honesta não cresce à custa do desespero dos outros. Assim os oportunistas de plantão, fazem promoções arrebatadoras que ludibriam os sonhos de quem pensa que chegou sua chance de fazer uma faculdade. Paga-se, muito barato até, para nada – já que os diplomas não valem, já que sequer registro junto ao MEC existem – esse é o barato que custa muitos sonhos.

Rotulam, no aspecto mais negativo que se possa pensar, a nós, professores, quando tecemos algum tipo de comentário sobre a vida fácil de quem não rala para ingressar numa faculdade. Não falamos por demérito, mas como incentivo a que cada um deva se empenhar um pouco mais na conquista de uma vaga verdadeiramente sua, numa instituição de respeito, bem conceituada, e sem sombra de irregularidades. São públicas, mas asseguram uma vida tranquila, sem que ninguém duvide de nossa formação, de nosso diploma, e sem que nos estressemos em busca de ressarcimento nas portas do Ministério Público, Corregedoria ou Procon.

Outro fator que indigna é como as pessoas à frente dessas instituições conseguem enganar tanta gente, principalmente pós-graduados que se prestam a ter seus nomes manchados pela falta de integridade de quem os contratou – daí o “olho-grande” sobre a grana que se vai ganhar é o que fala mais alto – e a esses pseudo-administradores da educação resta também um canudo de pós, o de PHD em picaretagem.

É evidente em nosso tempo, constantes inversões de valores, dentre as quais destaca-se a invasão de “riquinhos” nas instituições públicas – não que não possam frequentá-las, longe de mim qualquer manifestações discriminatória; mas ao filho do pobre, que pobrezinho é, resta apenas, caso queira algo melhor na vida, pagar uma faculdade. Mas agora que as mesmas atuam na ilegalidade, mais uma vez o futuro está comprometido.

Alci Santos

Professor de Língua Portuguesa

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