E QUANDO O CAOS VEM DA ORDEM?
“Odiamos a ordem, mas abominamos o caos” é o tipo de
pensamento que agora resumiria parte da situação caótica em que se encontra o
Estado do Pará, no que diz respeito aos movimentos de greve e protesto por
parte da Polícia Militar. Não devemos agir de forma radical, a exemplo do que
os próprios gestores da segurança pública fizeram com todas as manifestações
anteriores, generalizando os atos violentos e procurando sempre culpar alguém
por seus problemas. Não é de culpados que precisamos, mas de qualquer proposta
de intervenção para que este quadro não se agrave ainda mais.
Ficamos de mãos atadas, sem saber o que fazer pelo simples
fato de que a corporação que sempre existiu para estabelecer a ordem social,
agora é quem toma as ruas, também para protestar por melhorias de sua classe. Ate
aí, tudo bem! A questão é que nos sentimos acuados por não termos agora a quem
recorrer – uma vez que era justamente a PM que chamávamos quando as outras
tantas manifestações nos impediam de exercer o direito básico da cidadania: ir
e vir. Nos últimos dias, porém, sentimos na pele que o “feitiço virou-se contra
o feiticeiro”. Já que as agressões verbais e, o que é pior, as físicas mostram
que não faz bem à democracia deliberar poderes a quem não sabe lidar
devidamente com eles.
Uma pergunta que muitos se fazem e nos incomoda mesmo, sobre
a truculência empregada pelas polícias agora é: quem os dispersará com spray de
pimenta? – não que seja o que queremos, mas é a primeira atitude dos militares
para reprimir as multidões quando tumultuam ruas, passagens, rodovias, ou tomam
prédios públicos em seus protestos. O efeito moral que eles dizem que o spray
provoca, deveria ser o da “moral” do respeito para com o ser humano,
independente da condição, posição ou profissão que exerça. A exemplo disso, por
que coibir a imprensa local de registrar e informar a população sobre o que de
fato ocorre na essência dos interesses dos manifestantes? A agressão aos
jornalistas só evidencia a falta de preparação psicológica, principalmente, dos
militares em lidar com o povo revoltado – pior ainda, não sabem lidar nem mesmo
com as suas próprias revoltas.
Pensar os grupos sociais unificados em interesses,
realmente, comuns, seria sem dúvida uma das melhores estratégias para entendermos
que os transtornos como o extenso engarrafamento que fechou, não só as vias da
BR 316, na última sexta-feira, mas todas as saídas de Ananindeua e todo o
trânsito da Região Metropolitana, não deveriam perturbar a ordem social.
Reconhecer, respeitar e valorizar qualquer profissional que seja, só vai nos
permitir vivermos com melhor tranquilidade, e com a PM, em evidência, no
momento, não será (nem deve ser) diferente.
Alci
Santos
Professor de Língua Portuguesa e Redação
Texto colaborativo com os alunos do
Cursinho Manhã – Colégio Alfa Saykoo
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