domingo, 13 de julho de 2014


NOSSA REVOLTA PELOS “POUCOS” CENTAVOS

Antes de qualquer coisa dita, vale lembrar que: “São poucos, mas são nossos!”. E aqui quero falar sobre o “cabo de guerra” que se trava em torno do reajuste da passagem de ônibus em nossa capital, entre os empresários do (péssimo) transporte público, com sua “vampiresca” proposta de R$ 2,50; e a prefeitura de Belém, com sua “benevolente” sugestão de R$ 2,43. Quem vai ganhar não sei, mas sobre quem vai perder, disso não tenho dúvidas.

Nós, enquanto seres organizados socialmente, somos bem desorganizados mesmo. E parece que insistimos em fazer vista grossa para isso. Pois para decidir sobre nossos futuros gastos, reuniram-se empresários, assessores políticos, parlamentares, sindicalistas/rodoviários – estes que sequer respeitam e mal representam suas categorias; que agora parecem apenas viver para piquetes e tumultos em “mirradas” paralisações que só atrapalham a vida de todos. Estranho é que só não há a representação dos que de fato pagam por tudo isso: a população dependente desse tipo desumano de serviço – o qual não pagamos o pato; mas pagamos “de” pato!

Sobre a “benfeitoria” da prefeitura, o porquê de minha preocupação nem é tanto com os R$ 0,23 que propõe acrescentar-se como reajuste – afinal pagaremos pelo serviço de nossa condução; o que de fato me indigna é: por onde andam as moedas de R$ 0,01? Porque, verdadeiramente, os dois centavos para quem pagar com R$ 2,45 dificilmente voltarão – enquanto que aos que pagarem com R$ 2,50 receberão só R$ 0,05 – alguém duvida? E são esses míseros centavos, aos olhos de muitos, que engordam os lucros dos empresários de transporte (assim como aos banqueiros ou aos comerciantes com seus “fascinantes”: R$ 1,99); ou aos cobradores – que na pior forma da “boa-fé”, dividirão com os motoristas, ao final do dia, o montante no melhor estilo “de grão em grão...” o resto a gente já sabe.

Dos empresários, nos virá a velha retórica (blá-blá-blá) de que para dar conta do que reivindicam, merecidamente, os rodoviários e ainda oferecer atendimentos/equipamentos de qualidade, só mesmo com um reajuste nas tarifas cobradas pelo serviço. Pura ilusão aos rodoviários que se satisfazem pensando serem espertos, pois na base do que a matemática chama de proporcionalidade, tudo acaba no “elas por elas”; ou seja: aumentam os salários e as vantagens (plano de saúde e ticket alimentação), mas com o aumento da tarifa da passagem, aumenta também o lucro do patrão. Ninguém mexerá num centavinho deles. Atenderão às suas reivindicações com aquilo que nos será cobrado como “aumento da passagem”. Isso mesmo, somos nós que pagamos por isso, que fique bem claro: nós!

Ninguém seria louco de reclamar, se cada centavo fosse devidamente investido na compra de novos veículos; ou na manutenção e recuperação do que há; ou na limpeza; ou pelo menos – e isso não é pedir demais – numa formação continuada (reciclagem) de aperfeiçoamento e relações humanas para os servidores dos coletivos (cobradores e motoristas) – a exemplo de que não se repitam casos como o, exibido nas Tv’s do país inteiro, do motorista tresloucado que só parou à base de choque elétrico – e outros tantos que desrespeitam os códigos de trânsito e outros padrões de convenção social: “queimam” as paradas; fingem não ver idosos e deficientes; correm além do permitido em ultrapassagens arriscadas em busca de passageiros, a fim de cumprirem cotas mínimas de produtividade diária; sem contar os que forjam “pregos” por causa das sucatas que conduzem – mas nesse caso, não somos nós que devemos pagar por isso.

Por fim, espero que ninguém, nenhum “motorizado” tome as dores da patronal, dos rodoviários – que vivem na base da “carteirada” – ou da prefeitura, pois quem depende de verdade do transporte público, se pudesse, assinaria comigo este texto/manifesto. Desse modo, estou certo que por esses poucos centavos, e por tudo que há imbuído neles, ninguém sairá às ruas. Assim mesmo fica aqui o meu protesto!


Alci Santos
Professor de Língua Portuguesa

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