sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

ANTES TARDE DO QUE NUNCA

Por ocasião do Dia do Professor, caso haja algo a se comemorar...


(15.10.2011)


Agradeço por todas as saudações pelo dia 15 de outubro, tão importante e, paradoxalmente, parece-me também, sem importância alguma, como qualquer outro que logo se acaba – não me levem a mal os que me felicitaram, mas compreendam.

Faço uma reverência com palavras não aos camaradas de hoje, mas aos meus mestres orientadores – quase todos já afastados de suas funções tão maravilhosamente exercidas – e não estou a fazer média, como aquele aluno que foi problema e agora, adulto e professor também, vem reconhecer o verdadeiro valor de um educador – digo sim educador, porque acho injusto que só ao professor se dedique um dia, quando todos os envolvidos diretamente no funcionamento das instituições mereceriam, e merecem, ao menos mais esse descanso, num dia qualquer do ano.

Saibam todos que, HERÓIS foram nossos professores – ainda que hoje seja mais difícil trabalhar nessa área (já que disputamos, em certas situações, com amplas desvantagens – como contra algumas tecnologias: celulares nas salas de aulas, por exemplo; agressões; desrespeito; indisciplina; medo) São os verdadeiros heróis, sim. Pois foram eles que nos condicionaram a não desistir jamais. Ensinaram-nos que a importância não estava no verbo em si, mas na extensão de seu sentido quando a palavra deixa de ser só palavra e passa, realmente, a ser ação.

Dois momentos, em dez anos de magistério, me são inesquecíveis, quando lembro de meus professores (mesmo que guarde, não na memória, mas no coração, a atitude de outros brilhantes “magisteres”, esses me são base sustentáveis). Um ainda acontece, quase que todas as semanas, pois quando me dirijo a uma das escolas em que leciono, passo em frente à casa de um desses ilustres de minha vida, Damasceno: um de meus primeiros professores de Redação, para o qual digo sempre: “Bom dia, professor...” na certeza de que ele sequer sabe quem sou. O outro, logo no início de minha vida docente, quando encontrei uma ex-professora de História, que se lembrou de mim ainda como aluno e, pela ocasião em que nos encontrávamos, num departamento da Secretaria Municipal de Educação, honrou-me chamando, já naquela ocasião, de “colega” – aquilo foi a Glória! – trocadilhos à parte, é, coincidentemente, o nome da querida professora.

Saúdo àquele que me deu de presente, sem que tivéssemos afinidade alguma, sua coleção de gibis, com quase 1.000 exemplares. Àquele que me instigou a entrar num projeto de matemática e cursar CE, naquela época, ainda no 2º grau. Àquele que, no cursinho, por causa de uma necessidade que provocou sua ausência, me pôs – aluno ainda – à frente da turma para lecionar Língua Portuguesa. Aos professores sócios do mesmo cursinho, que pela ousadia do tal professor, confiaram a mim, no exato ano que ingressei na universidade, minha primeira turma – da qual hoje tenho colegas também na docência. Àquele que era amigo de poucos e que, tão feliz quanto eu ao receber sua ligação, me ofereceu a primeira vaga de carteira assinada num colégio com nome no mercado – isso me fez o orgulho de muita gente, e tenho certeza, que dele mais que qualquer outra pessoa. Àquela que me deu, ainda que eu tenha pedido, pois não tinha como comprar, meu primeiro dicionário e que ainda me deixou ficar com o dinheiro de uma inscrição que não consegui fazer, numa palestra sobre Didática e Prática de Ensino, com José Carlos Libâneo – referência de nossas bases no Magistério. Àquela que, na direção de outra escola, na qual leciono ainda hoje, ao me chamar para entrevista, sem saber que era eu, ao me ver professor, disse: “bem feito!” – rimos juntos.

A todos esses: “muito obrigado!” Não só pelo que fizeram por mim, mas pelo que através de mim, fazem ainda hoje, pelos que agora eu conduzo.

Obrigado aos professores que me formaram professor, e aos que se farão, quem sabe por mim também, professores no futuro... Que belo ciclo se faz!

Alci Santos

Professor de Língua Portuguesa

professorsantos@bol.com.br

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