sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A HORA É AGORA

Por ocasião do segundo dia de prova do ENEM, na qual virá a temida (mas não incombatível) Redação...


(22.10.2011)


Após uma etapa vencida, ainda é tempo de muita tranquilidade. O nervosismo que qualquer aluno/candidato possa estar sentindo nesta ocasião, principalmente porque hoje é o dia da Prova de Redação, não por isso se deva fazer um “cavalo-de-batalha”. Daí muito mais que dominar a tipologia textual (dissertação-argumentativa, escrita de modo impessoal para leitor genérico), dominar a linguagem (língua na modalidade escrita) e dominar o conteúdo (a partir de uma segura exposição do ponto de vista crítico sobre temáticas polêmicas, atuais e reais), é preciso dominar o nervosismo e a preocupação e não esquecer que só a redação, ainda que excelente, não aprova ninguém – é fundamental fazer por onde também na parte objetiva da prova.

Como muitos alunos me escreveram durante a preparação, acreditem de verdade que, de acordo com a “seleção natural” pregada por Darwin: “só os aptos sobrevivem”. E os aptos são todos aqueles que em momento algum deixaram de acreditar que farão uma boa prova, principalmente por que estudaram para isso, e não se ensoberbaram de modo a permitir que sua autoconfiança chegasse a se tornar prepotência – e confesso que tive tantos alunos assim nos últimos anos, reencontrados a cada novo processo seletivo.

A redação, caríssimos, levará aos técnicos das instituições de ensino superior um pouco, mínimo suficiente, do perfil psicológico e do caráter de cada candidato. Sua importância está no diferencial, pois à parte correspondente às objetivas só há uma resposta para cada questão; cuja única diferença será a quantidade de acertos (ou de erros, por que não?). A redação, porém, é toda diferenciada por permitir a exposição de diversos pareceres sobre o que pensa, afinal, cada novo interessado em se tornar um cientista para a vida.

Daí sugiro-lhes muita paciência e tranquilidade, ingredientes indispensáveis para a realização de uma boa prova. Além do que, é claro, conhecer algumas técnicas seguras para um momento tão ímpar como esse: escrever o suficiente, de modo a atender a estrutura básica de uma dissertação, em três parágrafos, no mínimo – ou, estrategicamente, cinco para assegurar uma melhor organização das ideias; escrever o necessário, de modo a fazer o que se pede, e para isso é importante ler e entender a proposta – que geralmente vem na forma de uma pergunta, para que, inteligentemente, se desenvolva um texto resposta; escrever atendendo os critérios da avaliação (estes, por sinal, sempre estiveram à disposição de todos no Edital).

Escreva de forma objetiva, clara, compreensiva e direta; sem firulas, rebuscamentos ou alegorias. Só escreva sobre o que sabe, querer embarcar no desconhecido é deveras perigoso. Não sabe a escrita certa de uma palavra, busque um sinônimo – a língua portuguesa é cheia deles; mas verifique sua condição contextual, pois “não existem sinônimos perfeitos” e o que poderia ser uma estratégia pode se tornar uma armadilha. Não lembra detalhes sobre as fontes argumentativas (importantes para assegurar o crédito qualitativo sobre nossos dizeres)? O nome do cidadão/autoridade e o veículo/mídia de circulação do argumento já serão suficientemente válidos – e quando são externos à coletânea, são muito mais estratégicos. A diversidade dessas fontes também lhes assegurará certo crédito qualitativo, pois é importantíssimo variar nossas leituras cotidianas – jornais, revistas, gibis, sites, filmes, músicas, poesias, panfletos, novelas, rádio, enfim – de modo a mostrar o grau de desenvolvimento da nossa competência leitora.

Temas diversos, associados às várias áreas do conhecimento, possibilitarão a transversalidade; um diálogo entre as ciências; a interdisciplinaridade – recurso que é a cara do Enem. Sem que ninguém esqueça que a prova é nacional, cuidado com os desenvolvimentos limitados em visões regionalistas, nem amplas demais em possibilidades internacionais. Deve-se contextualizar maximizar (do regional ao nacional) ou minimizar (do internacional ao nacional). Ou seja, Tanto a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte não interessa só a nós, paraenses ou amazônidas; como a Tragédia no Japão, não deve interessar só aos japoneses ou aos asiáticos, enfim. Transversalizar os temas em contextos nacionais como a construção de Angra III, com entrega prevista para 2012 e discutir sua (in)viabilidade, seja por ser uma fonte perigosa e de alto custo, ou pelo Brasil encabeçar pesquisas proveitosas na busca de fontes de energia seguras, limpas e renováveis – não se trata aqui de especulação temática, mas um exemplo de como se devem articular as informações e os conhecimentos.

Muita paz no coração de todos e luz, a clarear seus pensamentos. Tranquilidade, confiança e sucesso é o que todos, que ficaremos na torcida, desejamos. Boa prova.

Alci Santos

Professor de Língua Portuguesa e Redação

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