sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Por ocasião de quem não se toca e obriga a todos ouvirem qualquer porcaria nos coletivos em Belém...


EM DEFESA DO BOM E VELHO BREGA

(05.05.2011)

Parodiando um samba-canção digo: “não deixe o brega morrer / não deixe o brega acabar / o mundo é feito de brega / de brega pra gente dançar...” E é justamente aí no final que está o problema, que aqui exponho na forma de um desafio para salvar o ritmo.

Sou eclético e acredito que “gosto se discuti, sim”. Por isso proponho salvá-lo das más línguas daqueles que, por não gostarem do gênero, acabam por difamá-lo. Daí a compreensão de quem tanto ama esse swing paraense, que o faz de “fundo musical” para todas as circunstâncias da vida: Entendam e aceitem que até para quem não tem noção rítmica o corpo sente as vibrações sonoras e o corpo põe-se, quase que espontaneamente, a mexer-se – estou mentindo? Daí o tal: “treme... treme... treme... treme...”

Até aí tudo bem. Mas sair da cama às 5h por compromisso e responsabilidade, contra a vontade do corpo, e ser massacrado com o “bregão” daqueles que nos obrigam a compartilhar sua falta de senso e respeito, ah... Fala sério!

Brega é ritmo dançante – e é a batida quem revela o óbvio; até o melody que é mais light, sugere que tenhamos um outro corpo colado ao nosso para fazer valer o ritmo. Daí pergunto: “Quem, em sã consciência, quase como zumbis... dormindo em pé; esperando a primeira cadeira a desocupar para acabar de completar suas horas mínimas de descanso, vai relaxar ouvindo a Viviane, a Gaby ou a Ravelly gritando seus hits?”

Que me compreendam os ecléticos e os fissurados – quase fundamentalistas – por brega, mas é necessário que o bom-senso predomine nessa hora – principalmente, mesmo, nessas horas em que muitos de nós, nos dirigimos ao trabalho; pois isso, clinicamente, nos afeta os nervos e não nos alivia, pelo contrário, já nos alerta em demasiado estresse.

A proposta/campanha é a seguinte: os que, por ventura, não tiverem os fones de ouvido e quiserem ouvir músicas em seus celulares, durante a ida ou volta do trabalho, ouçam uma boa MPB ou MPP, o próprio Rei, em Detalhes, sei lá; algum ritmo “leve” que não faça os demais odiarem também – não da forma que “amaldiçoam” o brega – quando deveriam “espraguejar” a quem o ouve. Ah, a altura também é importante, caso tenha os fones, se não for pedir de mais use-os, ou entre na campanha e solte seu Djavam, Maria Rita, Vanessa da Mata, Chico Buarque, Lucinha Bastos, Nilson Chaves, pelo menos, nessa ocasião.

Não falei sobre o ir ou voltar do colégio, porque é, justamente, dessa galerinha mais nova, que pouco ou quase nada sabe sobre esses tais ritmos mais calmos como a Bossa Nova, Jovem Guarda ou Tropicália, que vem a maior parte da tortura sonora – não estou dizendo “exclusivamente”, mas a maioria, sim.

E então, quem vai encarar?

Pois se ainda não perceberam, os evangélicos já tomaram a iniciativa e, propositalmente, têm tirado os fones para acionar o auto-falante e combater a “zueira” de igual para igual; e não digo que estão errados, pois para ainda gostar do brega e aproveitar alguns minutos de cochilo, eu – sinceramente – fico com os “louvores”.



Alci Santos

professorsantos@bol.com.br

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