sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

MERENDINHA...!


Lembro, e não preciso forçar a memória, pois minha lembrança é de uma época bem recente, de uma brincadeira chamada “merendinha”; e ainda hoje vejo as crianças brincarem. É assim: deve-se pedir “licença” antes de comprar um lanche, para que o colega não peça e ganhe parte da guloseima, ou o que quer que seja, desde que comestível, dizendo, justamente: “merendinha!”

Mas não é sobre esta brincadeira que trata minha balbúrdia (aliás, é coisa muito séria, isso sim!) e sim da atitude, aliás, da falta dela, o que mais pareceu uma “ ‘brincadeira’ de mau gosto” – e que mau gosto – na ocasião em que a equipe de técnicos da Secretaria de Estado de Cultura, foi assaltada em pleno exercício de suas funções.

Explicarei...

Mas antes não posso deixar de expor que o Brasil é mesmo uma piada: nos momentos mais oportunos de mostrar sua eficácia perde a chance por questões simples, para não dizê-las “bestas”.

A segurança, no mínimo, é uma responsabilidade que o Brasil deve assumir com respeito a quem acredita que só ele é capaz de assumir.

Enfim, o Brasil é triste por deixar que suas ações sejam tomadas por fragmentos de interesses extremamente pessoais; pois abre mão de sua importância só porque uma “licença”, autorização ou pedido não foi emitida, enviada, solicitada ou “acordada” entre as partes interessadas... Quantas vias burocráticas são necessárias para que o Brasil permita o mínimo de condições, numa zona em que ele mesmo considera “de risco”, para que as famílias e profissionais possam exercer os princípios mais básicos da cidadania?

... Como me havia comprometido, explico: Bem longe das políticas tradicionais baseadas na centralização e concentração dos recursos e das ações, o Governo Popular (que pode até não estar dando conta de todas as demandas, mas aí é outra questão, de tempo até, por que não?) tem distribuído suas ações em regiões municípios e bairros que nunca estiveram sequer na periferia do campo visual dos gestores – que convenhamos sempre demonstraram claramente que também nunca entenderem suas funções – em se tratando do segmento cultural isso vem acontecendo com o Circuito Cultural Paraense que atendeu no ano passado cinco regiões de integração, nos municípios de Abaetetuba, na região do Baixo Tocantins; Conceição do Araguaia, na região do Araguaia; Bragança, na região do Caeté; Óbidos, na região do Baixo Amazonas, e São Sebastião da Boa Vista, na região do Marajó; e já este ano atendeu Ipixuna do Pará e demais municípios da região do Rio Capim.

O mesmo com o Salão do Livro, ação preparatória para a Feira Pan Amazônica do Livro, que ocorre na capital e que agora se estende a algumas regiões de potencial para a implementação de políticas consolidadas na área do livro e da leitura; já tendo ido para Santarém e Tucuruí, em parceria com uma estatal... Assim como o circuito só acontece em função das parcerias com os municípios, seja com a sociedade civil como o poder público municipal. Enfim, são as parcerias que importam até aqui.

Se assim não fosse, desprezaríamos os parceiros, ao pensarmos em levar para o bairro da Cremação mais uma ação conjunta dos órgãos de cultura do Governo do Estado e outros também da estrutura estadual de interesses afins, e teríamos dispensado qualquer auxílio oferecido ou qualquer mérito que fosse aos “parceiros” – mesmo aos que se confirmaram parceiros nos oferecendo mais problemas que os que tínhamos; aí peço “licença”...

Existem situações em que o Brasil não pode se mostrar assim tão imaturo, em negar o mínimo do conforto e da tranquilidade, mesmo em detrimento dos que, nessas ocasiões, não se divertem, pois estão no exercício de suas funções: servindo e cuidando da satisfação em família.

É por isso que o povo se mostra individualista, descrente, e teme a própria segurança oferecida – opa, polícia e bandido, quem é quem afinal? – pois se o Brasil que é o Brasil age assim...

Retomando...

Não foi pela falta do “apoio degustativo” que houve o que houve; e nem sabemos ao certo o real motivo, mas muito tem a ver com a falta de diálogo aberto e sincero entre as partes, ah... Isso sim é inegável. Ainda mais quando, em reunião de planejamento, os técnicos assaltados expuseram a realidade da Secretaria, o que não lhes permitiu que em momento algum se isentassem da responsabilidade de articular a “merendinha” para os parceiros... Desde que eles também se dispusessem a contribuir; mas se não entenderam a mensagem, como agiriam? Foi justamente o que fizeram: NADA! Sequer saíram do lugar, não se sabe qual, mas não saíram... E mais, foi o Brasil quem fez ponderações que implicariam na programação – ao entendimento de todos: em prol da segurança! Aí nos comprovamos “péssimos” interpretadores de textos.

Um último esclarecimento: Eu jamais falaria mal de meu país; e Brasil é o “nome de guerra” do oficial que em nome da Polícia Militar do Estado do Pará, nos deixou a mercê do que ele sabia que só seria inevitável se estivesse lá... E o que fez? Vocês já sabem...



Alci Santos
Professor de Língua Portuguesa, Arte-Educador e Contador de Histórias
professorsantos@bol.com.br
30/06/09 – 10h / 16h27

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