quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

VILA DO SORRISO AMARELO

Quem, como bom “pé-redondo” que se preze, não é apaixonado por Icoaraci? Os que me conhecem, e até os que pensam me conhecer, sabem o quanto estimo este “pedaço de paraíso mal cuidado” – e não é pretensioso de minha parte, uma vez que muitas são as pessoas, em família até, que se privam de seus lares para nos visitar. É por isso, também, que eu não deixaria de me manifestar sobre o “visível e olfativo” descaso da Prefeitura de Belém, e na representação desta, a Agência Distrital de Icoaraci, que se fazem “mancomunadas” na indiferença com os cuidados necessários – o que é bem peculiar à grande maioria dos que fazem a politicagem deste país. E a gravidade do que digo é tamanha que até os epítetos: cidade das mangueiras [do município] e vila sorriso [do distrito] estão ameaçados ou fadados a trocadilhos e chacotas.

Mesmo para os que só vêm e vêem Icoaraci como pólo de lazer e entretenimento durante os finais de semana, seja por conta das olarias responsáveis pela projeção do artesanato em cerâmica [principalmente por visitantes, turistas como queiram] ou pelas iguarias e clima de festa da Orla do Cruzeiro, onde, segundo o que ouço, a água de coco deve ter gosto especial; sabem e sentem – aliás, sentem os que não possuem carro de última geração com bom sistema de ar refrigerado que lhes impede ter os vidros abaixados e assim inspirarem o “fétido ar” de certo trecho na Augusto Montenegro, já no quilometro que compreende à Icoaraci, como “cartão de visita” – parece humor de péssimo gosto, não?

O espaço, mais especificamente falando, é em frente a uma propriedade baldia, que fazem parecer duas, no sentido da saída do Distrito, entre o Residencial Rio D’Ouro e a falida sede Chapéu de Couro, bem próximo ao SEST/SENAT – duvido, agora, se as vossas memórias, senhores leitores, não acabou de avisar ao olfato de que local estou falando. A questão, que se esclareça, não é somente com o intuito de culpar ou buscar culpados para a insuportável (as narinas que o digam) situação; ainda mais que o referido terreno possui um proprietário – que, com certeza, só se manifestará quando aquele pessoal do “movimento da reforma urbana” tentar ocupar o espaço. Além do que, os feirantes da Oito de Maio, principal feira livre da Vila, não se cansam de fazer do local seu depósito de detritos – seria importante que cada intenção aqui exposta pudesse estar acompanhada da expressão de asco com que lembro da podridão que de fato se acumula naquele local.

As metáforas a seguir, são só para ilustrar o expresso – mas eu posso, afinal estou lidando com palavras escritas num texto crítico, e a ironia é essência nestes casos; bem diferentes dos administradores e seus “clichês” recheados de princípios demagógicos. Falo de penas e vísceras de frango, pelancas e ossadas de carne, tripas e cabeças de peixes, frutas e verduras estragadas tudo o que “naturalmente” serve aos necrófagos – seres vivos, é verdade, mas nem preciso falar sobre os muitos males que causam aos seres humanos. Urubus disputam aos pisões as carniças; os cachorros arrastam as sacolas plásticas recheadas de lixos como se também tivessem ido à feira; os ratos, em excesso, são mais freqüentes que os gatos – talvez os felinos fiquem à espreita, imaginando os ratos rechonchudos com tanta fartura; além, é claro, das incontáveis “larvas e germes” em banquetes infindáveis.

Adoro as metáforas, mas temo que a má-conveniência – aquela dos interesses pessoais – não permitam a compreensão do que digo, por parte, justamente, dos oportunistas; a quem mais direciono o conteúdo desta mensagem. E assim fez-se o texto: Icoaraci é – não se sabe até quando – a Vila Sorriso. O sorriso vem da boca. A boca é uma entrada – e saída também, por que não – assim como o referido trecho na Augusto Montenegro onde se encontra o tal “depósito a céu aberto”. Um sorriso amarelo é resultado dos maus cuidados com a saúde bucal; e que, além do amarelado dos dentes, provoca, dentre outros, o mau-hálito [o que fede que dói].

Sem contar que o “amarelo” remete-nos à simbologia do partido da prefeitura, não? Entenderam agora...
Não sou político – pelo menos não no pior formato que se possa pensar em um – mas como educador: um formador de opinião e pesquisador dos fatos e acontecimentos de minha época; tenho um compromisso com meus alunos, principalmente, que precisam estar cientes dos ocorridos – ainda mais quando a negligência impera. E mais, que a Prefeitura não se encha da prepotência que lhes é peculiar para dizer que estão fazendo alguma coisa para resolver tal problema. Por que se ninguém lembra, eu reavivarei as vossas memórias sobre quando um amigo denunciou o descaso com a Biblioteca Pública Municipal, e a mesma Agência Distrital, camuflou a situação e “emprestou” alguns computadores para que a imprensa televisiva mostrasse que havia equipamentos e funcionamento. De maquiagem estamos fartos... Ah, uma última questão: será que alguém sabe do roubo que houve na mesma referida Biblioteca no mês retrasado, por conta da falta de segurança e vigilância. Aos icoaracienses não será muito difícil lembrar que já houve crise similar quando toda ela, a Biblioteca, foi saqueada... mas isso é uma outra história.
Texto publicado em O Liberal - Seção: Cartas na Mesa

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