sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

PARÁ: AME-O... OU FUJA!


Não pretendo revidar ou ser considerado o defensor das ações governamentais, pois tenho certeza que existem pessoas muito mais gabaritadas para fazer isso, principalmente neste governo, que tem toda uma base intelectual – de artistas a educadores – comprometida, não com promessas eleitoreiras, mas com as reais necessidades sentidas há tantos anos (e ponham tantos nisso).

É deprimente ler ou ouvir desabafos que levam em conta a particularidade de quem se sente agredido ou não-abarcado por ações sociais – e ninguém pode neear que tais ações não existam... Só pensam assim aqueles que gostariam que as ações governamentais estivessem dispostas às suas portas, e somente a elas, de preferência; algo do tipo: “Dane-se o mundo Eu estou bem, é o que importa.” E, acreditem, seríamos bem mais felizes se gente assim como vocês não fossem paraenses ou se não estivessem aqui – pois o que a naturalidade de um indivíduo tem a ver com sua insatisfação política?

É de fato deprimente que alguém julgue toda uma vida, toda uma história, toda uma evolução e criação – e é do espaço físico (Estado do Pará) que estou falando – por ações das quais muitas vezes a ignorância de quem assim se manifesta: “Eu sinto-me envergonhado de ser paraense...” (sem sequer se importar com o uso grotesco da língua pátria e se expõe ao ridículo – pleonasmo agressivo aos olhos e aos ouvidos). Ignorância naquele sentido que o dramaturgo alemão Bertold Brecht, em seu “Analfabeto Político” faz questão de reprimir: “O pior analfabeto / É o analfabeto político, / Ele não ou6e, não fala, / Nem participa dos acontecimentos políticos (...) Não sabe o imbecil que, / da sua ignorância política / Nasce a prostituta, o menor abandonado, / E o pior de todos os bandidos, / Que é o político vigarista, / Pilantra, corrupto e lacaio / Das empresas nacionais e multinacionais”

Parece-me, e espero estar enganado, um tanto oPortunista tal discurso, infundado, mas discurso, sobre a violência no Estado; que é uma realidade, mas não uma particularidade deste Estado. Se assim for, sugiro aos insatisfeitos que esqueçam: as diversas praias paradisíacas disponíveis até aos que nem ligam para suas belezas e deixam os resíduos de suas “farofas”; os diversos igarapés com águas cristalinas que resfriam até a alma dos mais estressados; a refrescante vegetação das poucas áreas verdes, que mesmo poucas em nossa região, é muito diante da devastação em outras regiões; esqueçam da diversidade cultural de cores, sabores, sons e odores em plural e significativa brasilidaDe; esqueçam da gentileza e hospitalidade das pessoas mais simples, porque só elas sabem “fazer o bem sem olhar a quem” – e o pior é que os oportunistas sabem disso – esqueça de tudo isso, caros insatisfeitos, e fujam... Para o Rio quem sabe, onde a violência é tão comum que vira festa como tema no carnaval; ou para o Caribe, onde a natureza cansada de ser explorada e desrespeitada demonstra sua fúria com ações arrasadoras; sei lá, para a Chechênia, quem sabe, já que não se fala mais em guerra por lá... Não vá para o Tibet, pois nem os “zens” conseguiram segurar a onda da “PAZ”... ou então procure Alice, no País das Maravilhas... ou ainda, pergunte ao poeta Manuel Bandeira como... e vá para “Pasárgada”.

Alci Santos
Professor de Língua Portuguesa apaixonado pelo Pará
Contextualização:
O texto acima foi publicado na seção CARTAS NA MESA no dia 07/09/2008 e foi uma resposta a um texto, ou tentativa de um, com o “devido” respeito, que foi publicado na mesma seção no dia 03/09/2008, sob o título TEMORES DIANTE DA INSEGURANÇA no qual seu autor, ou tentativa de um, com o “devido” respeito, demonstrou-se descontente com o elevadíssimo índice de violência no Estado, o que também me deixa indignado, mas que acabou se enrolando na forma de dizê-lo e acabou declarando sua “vergonha” em ser paraense... segue o texto:
TEMORES DIANTE DA INSEGURANÇA
Senhora governadora, estou decepcionado com a segurança em nossa cidade. É uma vergonha os bandidos deitarem e rolarem como bem entendem, e o Poder Público não tomar nenhuma providência eficaz para, pelo menos, amenizar tanta violência e mortes prematuras por falta de segurança em nossa cidade.Eu sinto-me envergonhado de ser paraense diante de um governo incompetente e ineficaz, com relação à segurança do nosso Estado.
Edson Souza de Lima
Belém

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